segunda-feira, 29 de dezembro de 2025
A Casa de Sanoane de Cima, o Menino Lourenço e a Oliveira Centenária
Na aldeia serrana de Bucos, entre montes verdes e caminhos de pedra, existia uma casa muito especial: a Casa de Sanoane de Cima. As suas paredes antigas guardavam histórias de muitos anos, mas a mais bonita de todas começou no dia em que nasceu o menino Lourenço.
Mesmo ao lado da casa, no pequeno campo banhado pelo sol da manhã, vivia uma oliveira centenária. O seu tronco era grosso e retorcido, como se tivesse braços a abraçar o tempo, e as suas folhas prateadas brilhavam quando o vento passava, contando segredos antigos.
Desde pequenino, Lourenço gostava de brincar à sombra da oliveira. Sentava-se junto ao tronco e dizia:
— Bom dia, velhinha amiga.
E a oliveira, que sabia ouvir crianças de coração puro, respondia com um suave farfalhar das folhas:
— Bom dia, Lourenço. Que aventuras vamos viver hoje?
O Avô dizia que aquela oliveira já estava ali antes da casa ser construída. Tinha visto passar gerações, colheitas, invernos frios e verões quentes. Guardava a memória da terra e protegia quem ali vivia.
Certo dia, Lourenço estava triste. Sentia-se pequeno perante o mundo. Abraçou o tronco da oliveira e contou-lhe o que ia no coração.
Então, uma azeitona caiu suavemente aos seus pés. Lourenço apanhou-a e ouviu, bem baixinho:
— Vês, Lourenço? Eu demorei muitos anos a crescer. Fui pequena como tu. A força vem com o tempo, com a paciência e com o amor à terra.
Nesse momento, Lourenço sorriu. Percebeu que crescer era um caminho, não uma pressa. Aprendeu a ajudar na casa, a respeitar a natureza, a ouvir os mais velhos e a cuidar da oliveira, regando-a nos dias quentes e limpando o chão à sua volta.
Com o passar dos anos, Lourenço cresceu forte e bondoso, tal como a oliveira. A Casa de Sanoane de Cima continuou cheia de vida, risos e histórias, e a oliveira centenária permaneceu ali, orgulhosa, a guardar o menino que aprendera com ela o valor do tempo e das raízes.
E ainda hoje, quando o vento passa por Sanoane de Cima, diz-se que se pode ouvir a oliveira sussurrar:
— Aqui vive um menino que aprendeu a crescer com o coração.
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