sábado, 13 de dezembro de 2025

A Ameixoeira da Casa de Sanoane de Cima e o Menino Manuel

Na Casa de Sanoane de Cima, na aldeia de Bucos, havia uma ameixoeira antiga, de tronco grosso e ramos generosos, que todos conheciam. Na primavera, vestia-se de flores brancas como pequenos flocos de neve, e no verão enchia-se de ameixas roxas e douradas, doces como o mel da serra. O menino Manuel gostava muito daquela ameixoeira. Todos os dias, depois da escola, corria até ao quintal para lhe contar segredos. Sentava-se à sua sombra fresca e dizia-lhe como tinha sido o dia, as brincadeiras com os amigos e os sonhos que tinha para quando fosse grande. A ameixoeira parecia ouvir tudo, balançando suavemente os ramos ao sabor do vento, como se respondesse com carinho. Certo ano, o verão veio mais quente e seco do que o costume. As fontes corriam mais fracas e as plantas pareciam cansadas. Manuel reparou que as folhas da ameixoeira estavam menos verdes. Preocupado, começou a trazer-lhe água todos os dias, num pequeno balde, mesmo que fosse pesado para as suas mãos de criança. — Não te preocupes — dizia ele — eu cuido de ti, como tu cuidas de mim. A ameixoeira, agradecida, guardou forças. Quando chegou o tempo da colheita, ofereceu mais ameixas do que nunca. Eram grandes, sumarentas, e tinham um brilho especial. Manuel colheu-as com cuidado e levou-as para casa, onde a família fez compotas e partilhou com os vizinhos, como sempre se fazia na aldeia. Numa tarde tranquila, Manuel mordeu uma ameixa madura e sentiu um sabor diferente, mais doce, quase mágico. Nesse instante, percebeu que a ameixoeira lhe tinha ensinado algo importante: quem cuida, recebe; quem partilha, nunca fica pobre. Desde então, sempre que passava pela Casa de Sanoane de Cima, Manuel parava junto da ameixoeira, agradecia-lhe em silêncio e sorria. E a árvore continuou ali, ano após ano, guardando memórias, histórias e a amizade sincera de um menino que aprendeu com a natureza a beleza de cuidar e partilhar.

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