domingo, 14 de dezembro de 2025
O Forno da Casa de Sanoane de Cima e o Menino Lourenço
Na Casa de Sanoane de Cima existe um forno antigo de pão, feito de pedra grossa e boca larga, escurecido pelo fumo de muitos anos. Durante gerações, aquele forno acordara madrugadas, aquecera invernos e enchera a casa do cheiro bom do pão acabado de cozer.
O menino Lourenço gostava de se sentar perto do forno e ouvir as histórias que os mais velhos contavam. Diziam que ali dentro tinham entrado milhares de broas de milho e centeio, feitas com mãos cansadas mas felizes. O forno era paciente, guardava o calor e devolvia alimento.
— Este forno já trabalhou mais do que muita gente — dizia o avô, sorrindo.
Lourenço imaginava o forno vivo. Via as chamas a dançar lá dentro, ouvia o crepitar da lenha e sentia que o forno respirava, como um velho sábio da casa.
Com o passar dos anos, o forno deixou de cozer pão. As mãos mudaram, os tempos também. Mas o forno ficou. Hoje, na Casa de Sanoane de Cima, ele é um ornamento do ecomuseu da casa, limpo, cuidado, respeitado.
Lourenço leva os amigos até ele e explica, com orgulho:
— Aqui cozia-se o pão da família e, às vezes, do vizinho também.
As pessoas escutam, tocam na pedra morna do passado e sorriem. Lourenço sabe que o forno já não tem fogo, mas tem memória. E isso é um calor que nunca se apaga.
Assim, o forno antigo continua a cumprir a sua missão: ensinar. Ensina que o pão não nasce nas prateleiras, que o trabalho une as pessoas e que a história também alimenta.
E sempre que Lourenço passa por ele, o velho forno parece sorrir, agradecido por ainda ser lembrado na Casa de Sanoane de Cima.
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