quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

sábado, 19 de dezembro de 2020

Feliz Natal, 2020!

Aprendi o jogo do pau com o Mestre Ernesto dos Santos - 1957

Ao centro na foto. Com o Mestre Ernesto dos Santos, no largo da Rechada, aprendi todos os movimentos e técnicas dos jogos realizados pelo grupo do jogo do pau: jogo da cruz, contra jogo, jogo do meio, jogo da cruz 4, jogo das pancadas na cabeça, jogo do ladeado. Por razões de estudos e por ter residido fora da Freguesia nunca fui um elemento dos grupos de jogo de pau formados ao longo dos anos. A minha experiência foi pequena, mas fiz toda a aprendizagem para ser um elemento do grupo do jogo de pau de Bucos. Logo que chegávamos à Rechada, fazíamos uma cruz no chão e jogávamos individualmente o jogo da cruz; depois passávamos para o jogo de 2 jogadores: o contra jogo e pancadas da cabeça; seguia-se o jogo do meio com 3 jogadores; fazia-se o jogo da cruz, (cruz feita com os paus ao centro da roda) com 4 ou 5 jogadores e no final o ladeado com todos na roda e um ou 2 jogadores dentro da roda conforme o número de participantes. Contrajogo e pancadas da cabeça
Jogo da cruz
Jogo do ladeado

"lódo", instrumento do jogo do pau

Neste campo, gostaria de salientar o nome do pau do jogo do pau, “lódo”. Todos os residentes, em Bucos, eram agricultores. Eram possuidores de diversos objetos agrícolas para a sua lide diária. Nas suas deslocações para feiras e festas levavam um pau de companhia, a que chamavam lódo, instrumento de ajuda e defesa. O lódo era retirado de uma árvore chamada lódão. Na casa de meus pais, Casa da Pereira, existia uma árvore destas para fazermos os lódos. Quando era pequeno, o meu tio avô José Henriques Basto era o carpinteiro encarregado de fazer os lódos para a família Braz, por ser tio e padrinho de meu pai. Depois de falecido meu tio avô, a Casa da Pereira começou a fazer os paus de lódo no carpinteiro Mestre Avelino, na Portela. Os paus da árvore lódão eram os melhores porque não partiam tão facilmente, eram mais leves e por isso podiam manejar-se mais fàcilmente. Na minha infância, lembro a existência de uma só árvore na freguesia. Nos dias de hoje, desconheço se existem árvores deste género. Alguns residentes em Bucos, na altura, faziam os lódos das árvores carvalho e oliveira.

domingo, 13 de dezembro de 2020

A Matança do porco - Bucos

Dezembro e Janeiro são os meses da matança do porco. A operação é feita ao amanhecer e a noite toda gasta em afanosos preparativos: panos, carqueja, alguidares, tachos, caldeirões, temperos para as morcelas, abundando a montes as cebolas, que se põem tempo antes a grelar em alfobres agasalhados da geada ou em caixotes com a cautela com que se borrifa o trigo a grelar em pires e pratinhos para enfeitar os presépios. Mesmo os que não andam naquele afã espreitam impacientes os primeiros desmaios da noite. Abre-se o portão e sente-se finalmente no pátio passos cadenciados, solenes e pesados como devem ser os de Deibler e dos seus ajudantes. Grunhidos agudos, soltos às arrancadas, estrugem aflitivamente aos ouvidos sem ninguém se condoer; pelo contrário, em todos os olhos só faísca a alegria e a gula. Dão duas ou três voltas com uma corda ao focinho do bicho, mas nem isso consegue reprimi-los. A matança do porco Atam-lhe também os pés e as mãos, levantam-no em peso e colocam-no em cima de uma mesa ou de um banco; enterram-lhe uma enorme faca no pescoço e grossas golfadas de sangue rubro são aparadas em alguidares, onde mãos de mulheres o vão agitando para ele não coagular. Nalguns pontos a morte é pronta, devida a uma picada de sovelão, e depois é que lhe tiram o sangue. Morto o animal, a primeira coisa a fazer é tirar-lhe o cabelo. Percorre-se-lhe o corpo demoradamente com ramos de carqueja a arder, enchendo-se o pátio e a casa de um fumo denso, fétido, irritante, no meio de crepitações secas. Raspa-se depois o couro com uma faca, esfrega-se com carqueja molhada e lava-se em seguida com abundante água. Abre-se de cima abaixo pela barriga, extraem-se-lhe todas as vísceras e banhas, separando cada coisa para o seu alguidar e parecendo que aqueles despojos enlaivados de sangue ainda palpitam de um resto de vida. Correm logo as mulheres a lavar as tripas, aplicando-se as grossas ao fabrico das morcelas e as delgadas às linguiças e chouriços de carne. E, como estas são poucas e fracas, aproveitam-se também as de boi para os enchidos de carne. Não se calcula a azáfama que vai lá dentro, em casa. O sangue continua a mexer-se, misturando-lhe arroz cozido, cebola picada, pedacinhos de gordura em rama, cominhos, e não sei que mais; corta-se o fígado, o coração e os rins em fragmentos e deitam-se em panelas com um pouco de sangue que se reservou do destinado às morcelas; cruzam-se ordens, pedidos, recomendações, entre a cozinha, a dispensa e a casa de jantar: não há maior balbúrdia de trabalho debaixo de um teto. Dependurado de uma trave Com a ajuda dos vizinhos, leva-se em braços o porco, depois de esvaziado, e dependura-se a uma trave por uma grossa corda, pondo-se-lhe por debaixo um alguidarinho, onde gotejam uns restos de sangue derivando muito direitinhos pela cauda abaixo. Dependurado o porco, abre-se longitudinalmente pelo dorso. Então é que se vê e admira a grossura do toucinho, que se compara triunfantemente com a dos porcos dos vizinhos. Escorrido de líquidos, retalha-se e divide-se em peças: cabeças, presuntos, chispes, toucinho para o fumeiro e para a salga, etc. Tudo se lhe aproveita, desde o focinho até à cauda, que é a primeira coisa que se saboreia, assada nas brasas. Depois são umas assaduras de febra e de toucinho delgado para os gulosos impacientes; mais tarde, as morcelas, os torresmos, as linguiças, etc.; enfim, porco divide-se e conserva-se tão bem que pelo ano adiante não há em casa do pequeno lavrador conduto mais apetecido e duradouro. Por isso o dia da sua morte é um dia de festa e os grunhidos dilacerantes da pobre vítima, longe de encontrarem eco, são abafados inexoravelmente pelo ruído da mais franca alegria que acompanha sempre a abundancia e a paz que nos entram no lar. A.M.F.

Cancioneiro do Grupo "As Capuchinhas de Bucos" 1939. A trigueirinha

Chamaste-me trigueirinha isto é do pó da eira; hádes-me ber ó domingo como a rosa na roseira. – as desfolhadas da aldeia Rapazes e raparigas Inté à luz da candeia Intoam lindas cantigas. Ai, desfolhadas! Lindas desfolhadas Lindas raparigas Tão bem arranjadas... Ao sair de casa, elas sabem bem Que os seus namorados Lá irão também. – Quando bou à horta quando bou e banho assanto-me à porta dum amor que eu tanho. Dum amor que eu tanho dum amor que eu tinha assanto-me à porta bem assantadinha. esquinas: De que servem as esquinas numa noite de luar, se elas não hão-de encobrir dois amantes a falar? – Quando eu num tinha desejaba ter um amor bonito sem ninguém sabere. Agora já tanho já me num importa, eu só m'intretanho

Memórias de Bucos - Cancioneiro do Grupo "As Capuchas de Bucos" 1939. A minha mãe mandou-me à fonte

) Minha mãe mandou-me à fonte pela hora do calor; eu quebrei a cantarinha ao falar c'o meu amor. Minha mãe mandou-me à fonte com sapatos de algodão eu quebrei a cantarinha ao falar com o João. Minha mãe mandou-me à fonte com sapatos de cetim, eu quebrei a cantarinha ao falar c’o Joaquim. Minha mãe mandou-me à fonte à fonte do salgueirinho, mandou-me lavar a pota com felor de rosmaninho. Minha mãe mandou-me à fonte à fonte do salgueirinho, ao esfregá-la com areia, eu quebrei-lhe um bocadinho. Ó minha mãe, não me ralhe, que eu inda sou pequenina: eu hei-de ir ganhar dinheiro para outra cantarinha! (I,124) Cantada por Ana de Oliveira Urjais

Cancioneiro do Grupo "As Capuchas de Bucos" 1939. No alto daquela serra

A serra: No alto daquela serra está um lenço a acenar: está dizendo: viva! viva! morra quem não sabe amar! (I,329) No alto daquela serra Não sei que vejo luzir: Não sei se é ouro, se é prata, Se espelho de me eu vestir. (Avulsos) No alto daquela serra, Ouvi cantar e chorei, Pela minha mocidade, Que tão mal a empreguei. (Avulsas) – o mar: No meio daquele mar Anda uma pombinha branca; Não é pomba, não é nada: É o mar que se alevanta.

Cancioneiro do grupo "As Capuchas de Bucos", 1939. Todas as canções

O Grupo As Capuchinhas de Bucos foi um grupo fundado em 1939 à imagem e semelhança do Grupo Regional do Minho de Braga, mais tarde, Rancho Folclórico do Dr Gonçalo Sampaio, fundado em 1936. As músicas e danças escolhidas para este grupo sofreram influência dos Ranchos Folclóricos de Viana do Castelo, Santa Marta, Meadela, etc, muito mais conhecidos e divulgados pela mídia, com alguma mistura de músicas do Alto Douro e Trás-os-Montes. O Grupo Regional do Minho influenciou o grupo "As Capuchinhas de Bucos" no seu vestir e acessórios, como por exemplo, o uso do pau pelos homens. O Grupo "As capuchinhas de Bucos" era um grupo misto de homens e mulheres todas com capucha, por iso Capuchinhas de Bucos. Água leva o regadinho Ó Ferreiro guarda a filha A laranja foi à fonte e o limão foi atrás dela Ao passar a ribeirrinha pus o pé Ò Malhão malhão Tim tim nós somos de Bucos Ò Rosinha, ò Rosinha do meio, ora vem comigo No alto daquela serra Ò laranjinha, laranja laranja ou limão Minha mãe mandou-me à fonte A Ciranda Meninas vamos ao vira Ò Tirana, Ò tirana Lá em cima está o tiro-liro Vareira linda vareira A minha saia velhinha Ò Rosa arredonda à saia Hei-de cantar, hei-de rir, hei-de ser muito alegre Não te encostes à parreira Ó minha Rosinha Ó linda Rosinha

sábado, 12 de dezembro de 2020

Como escolher bacalhau?

ESCOLHER BACALHAU QUANDO O VAI COMPRAR Como escolher bacalhau? O bacalhau deve ser sempre comprado inteiro (pede depois paro o cortar) e muito bem seco. A melhor forma de verificar se o bacalhau está bem seco é pegar pelo lombo e testar-lhe a horizontalidade. Admite-se que vergue ligeiramente, ficando, no entanto, quase direito. Este é outro sinal iniludível que estamos perante um bacalhau bem curado e bem seco. Procure o que tem menos fendas, rachas e manchas. Uma cor uniforme amarelada, cor de palha, é o ideal. Significa que o sal está bem entranhado e o bacalhau bem seco. Só assim se garante que irá formar lascas bem definidas depois de cozinhado… e um sabor inconfundível. Deve ter a forma de uma asa e o tradicional corte em três bicos que mostra que a cabeça lhe foi retirada mal foi pescado. Quando o peixe é capturado por navios-fábrica é congelado de imediato e só é possível separar a cabeça com um corte feito com serra e assim anulando a característica dos três bicos. Também, quando é escalado (abrir o peixe) se faz depois da congelação em alto mar pode ocasionar desprender pedaços de carne ao logo da espinha central. Estes peixes após uma salga menor está pronto o bacalhau verde, (com menos sal e mais humidade) é exportado assim e seca no país que o adquiriu. Uma das principais características a observar é a facilidade com que a apele se solta. Só num bacalhau bem corado e seco a pele se soltará com facilidade (em cru). Também é essencial que o cheiro característico seja limpo e não desagradável. Se gosta de postas altas, deverá comprar um bacalhau graúdo ou crescido, cujo peso varie entre 2,5 kg e os 3,5 kg. Os tipos comerciais de bacalhau salgado seco, são: a) Especial – peixes com mais de 4 kg b) Graúdo – peixes com mais 2 kg a 4 kg c) Crescido – peixes com mais de 1 kg a 2 kg d) Corrente – peixes com mais de O,5 kg a 1 kg e) Miúdo – peixes até 0,5 kg f) Sortido – peixes partidos ou amputados ou com ligeiros defeitos Como escolher os melhores cortes de bacalhau: O corte tradicional aproveita o melhor do bacalhau, pois permite bons lombos. Bem cortado o bacalhau da Noruega dá para preparar muitas receitas e para cada corte há uma receita. Do bacalhau tudo se aproveita, desde os lombos às peles e espinhas. Vamos saber qual a utilização mais indicada para cada corte

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Equipa do Jogo de Pau, Bucos, 2018

Equipa do jogo do Pau, Bucos, 2017

Equipa de Jogo de Pau, Bucos, 1958.

Uma multidão de assistentes se posicionou para ver esta demonstração, nesta tarde do mês de março de 1958, junto ao campo de Vales do Sr Sanoane de Baixo. Eu fui um, entre muitos, dos assistentes. Tinha 11 anos. Fiquei surpreso com as habilidades e a técnica utilizada pelo Mestre Calado e seus alunos. Nesse dia, passei a ser, mais um, novo jogador do jogo do pau de Bucos. O entusiasmo foi tão grande, que a escola de jogo de pau de Bucos continuou a sua atividade por mais uns meses. Os anos de 1957/58 ficaram marcados, nesta Freguesia, pela escola de jogo do pau de Mestre Calado. Mestre Calado, um homem simples, sem eira nem beira, de cor mourisca. Chegou a Bucos sem saber o que fazer, sem dinheiro, família desconhecida, sem local para dormir. A sua habilidade estava voltada para o jogo do pau, assim o demonstrou na eira da Casa da Pereira. A Casa do Martins, hoje do Manuel do Orides, abriu-lhe as portas, onde se hospedou e ajudava em pequenos trabalhos. Nas tardes, deslocava-se até ao largo da Rechada, onde fazia algumas habilidades com o seu pau e deliciava os jovens na altura. Os jovens de Bucos aderiram à sua habilidade e proposeram-lhe a orientação de uma escola de jogo de pau. Nessa altura, já havia alguns bons jogadores de pau em Bucos: Ernesto dos Santos, josé de Piornedo, Brás da Pereira, Barroso de Vila Boa, Orides, Manuel do Anelho. Mas Mestre Calado era muito mais hábil, mais espetacular, fàcilmente captou o interesse de muitos Buquenses. Aderiram Custódio de Piornedo, José de Piornedo, josé Silva (da Luisa), Fernando Lima (do Gídio), Artur Ramalho (do Maria Teresa), Manuel do Anelho, Orides Fontes, Avelino Fecheira, Ernesto dos Santos, Custódio Brás, meu pai, José do Freitas, Alfredo Serra; alguns alunos de Vila Boa: Manuel Pereira (Silvina), Manuel Barreto, Abílio? Dixe; alguna alunos de Carrazedo Jaime Dias e Américo Dias. A escola do Jogo de pau de Bucos de Mestre Calado foi o início do GRUPO DO JOGO DO PAU SÃO JOÃO BATISTA DE BUCOS, ainda hoje existente. Obrigado, Mestre Calado.

Equipa do Jogo do Pau de Bucos, anos 1944

Equipa do Jogo do Pau de Bucos, ano 1966

Esta equipa de jogo do Pau de Bucos fez a sua apresentação no pátio do Colégio S Miguel de Refojos, Cabeceiras de Basto, numa demonstração, que foi filmada para o Museu Etnográfico de Lisboa e para uma Revista Alemâ. Nesta foto da Equipa podemos ver: Fernando Bras, ..., José de Piornedo, Ernesto dos Santos, Manuel do Anelho, ..., ..., Barroso, Custódio Brás, José Brás, Orides Fontes, Artur Ramalho, Fernando Lima, Manuel Pereira.

sábado, 5 de dezembro de 2020

Equipa do Jogo do Pau de Bucos, 1991

Nomes dos elementos desta equipa de jogo do pau de Bucos: Primeira fila: David Urjais,..., ..., Daniel Urjais, Manuel Urjais (Anelho) Segunda fila: ..., Orides de Oliveira, Vitor Dias, Terceira fila: ..., Fernando do Anelho, Filipe,...,(irmão do Vitor)