sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

O Verão do Menino Daniel na Casa de Sanoane de Cima

Era verão na Casa de Sanoane de Cima, e o sol parecia gostar tanto dali que se demorava horas a brilhar sobre os vales. As tardes estendiam-se douradas, como um grande cobertor de luz, e o menino Daniel acordava todos os dias com um sorriso, pronto para novas aventuras. Daniel adorava correr pelas eiras, onde o calor dançava sobre as pedras como se fossem pequenas miragens. O canto dos grilos vinha das clareiras, um concerto que parecia feito só para ele. Sempre que o ouvia, Daniel imaginava que os grilos eram músicos escondidos no meio da erva, tocando violinos minúsculos. Ao lado da casa, os pinheiros balançavam lentamente com o vento quente. Daniel achava que eles estavam a acenar-lhe, como amigos gigantes que o acompanhavam em silêncio. Quando o vento soprava mais forte, as sombras dos pinheiros moviam-se no chão e Daniel corria para tentar pisá-las antes que fugissem. Mas o que Daniel mais gostava era dos tanques de água nas eiras. A água era tão fresca que parecia feita de pedacinhos de nuvem. Ele metia os pés, chapinhava, ria, e às vezes via o seu reflexo ondulado, como se fosse um peixe mágico prestes a saltar. Num desses dias de calor, Daniel decidiu seguir o som da água que corria desde a fonte. Caminhou pelas estradas de paralelo, sentindo o cheiro das pedras quentes e o murmúrio fresco da nascente. Quando chegou à fonte, encontrou uma libélula azul pousada na borda. Era tão brilhante que parecia feita de vidro. — Olá, pequena estrela das asas — disse Daniel. A libélula levantou voo e, para surpresa do menino, começou a rodopiar à sua volta. Daniel seguiu-a por entre os fetos e as flores silvestres, até chegar a um recanto que nunca tinha visto: um pequeno poço de água tão límpida que o céu parecia ali morar. A libélula pousou numa pedra e Daniel percebeu que aquele era um lugar especial, um segredo da serra guardado só para quem soubesse escutar o verão. Ele sentou-se, mergulhou as mãos na água fresca e prometeu voltar todos os verões, para reencontrar a natureza, os grilos músicos, os pinheiros gigantes e, claro, a sua amiga libélula. Desde então, para o menino Daniel, o verão na Casa de Sanoane de Cima nunca mais foi igual — tornou-se uma estação mágica, cheia de aventuras e pequenos tesouros escondidos.

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