quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

A Casa de Sanoane de Cima e a Voz da Cabreira

A Casa de Sanoane de Cima e a Voz da Serra Na Serra da Cabreira, onde a terra se abre em rechãs e o tempo caminha devagar, ergue-se a Casa de Sanoane de Cima. Feita de pedra antiga e mãos trabalhadoras, esta casa não foi apenas construída: foi vivida. À sua frente, na rechã, está o cruzeiro de Sanoane. Há muitos anos que ali permanece, firme e silencioso, a abençoar os caminhos e a guardar quem chega e quem parte. Diz-se que, quando a neblina desce da serra, o cruzeiro é o primeiro a acordar e o último a adormecer. Poucos passos abaixo da casa corre a fonte de água cristalina. Água boa, vinda do coração da serra, que durante anos matou a sede, lavou rostos cansados e refrescou os verões. A fonte conhece todos os segredos do lugar, porque a água nunca esquece. Ao lado da casa cresce a figueira centenária, de copa larga e sombra generosa. Viu crianças brincar, ouviu conversas ao fim da tarde e ofereceu figos doces a quem soube esperar pelo tempo certo. As suas raízes profundas ligam a casa à terra, como se fossem laços de família. A Casa de Sanoane de Cima escuta tudo. Escuta o vento da serra, o murmúrio da fonte, o silêncio do cruzeiro e o sussurrar da figueira. Não fala, mas guarda. Guarda passos antigos, risos recentes e a certeza de que ali o tempo não se perdeu — apenas ficou. E assim permanece, simples e inteira, como um lugar onde a serra entra pela porta, a água corre pela memória, a árvore protege o pátio e o cruzeiro vela pelo futuro.

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