quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

A Casa de Sanoane de Cima e o Menino Miguel

Lá no baixo da Serra da Cabreira, onde as nuvens passam devagar e o vento sabe contar histórias antigas, existe uma casa muito especial: a Casa de Sanoane de Cima. É uma casa de pedra, firme e tranquila, que já viu muitos verões e invernos. De manhã cedo, o sol entra pelas janelas como quem pede licença, e à tarde a casa escuta o canto dos pássaros e o murmúrio da serra. Ali vive o menino Miguel. Miguel gosta de acordar cedo para correr pelos caminhos, falar com as árvores e ouvir os segredos da casa. Ele diz que a Casa de Sanoane de Cima não é apenas uma casa: é uma guardiã da serra. As paredes guardam risos antigos, a figueira dá sombra generosa, e a fonte oferece água fresca, clara como cristal. Um dia, Miguel perguntou à casa: — Casa antiga, o que tu sabes da serra? A casa estalou de leve, como se sorrisse, e o vento trouxe a resposta: — Sei das cabras que sobem os caminhos, dos pastores que cantam ao entardecer, das estrelas que iluminam as noites frias. Sei de tudo aquilo que respeita a terra. Desde esse dia, Miguel passou a cuidar ainda mais de tudo à sua volta. Não arrancava flores sem pedir, não sujava a água da fonte, e falava baixinho com as pedras do caminho. Quando o verão chegava, Miguel brincava à sombra da casa, imaginando que era um explorador da Serra da Cabreira. No inverno, encostava-se às paredes grossas, sentindo o calor da história que ali morava. E assim, entre brincadeiras, silêncio e descobertas, a Casa de Sanoane de Cima e o menino Miguel tornaram-se amigos inseparáveis. A casa protegia Miguel. E Miguel prometia, todos os dias, proteger a casa e a serra. Porque quem cresce junto da serra aprende cedo uma coisa importante: a terra cuida de nós, quando nós cuidamos dela

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