terça-feira, 16 de dezembro de 2025
O Menino Miguel e a Figueira Centenária
Na Casa de Sanoane de Cima existe uma figueira muito, muito antiga. Dizem que já lá estava antes dos avós dos avós nascerem. E uma figueira centenária, de tronco largo e forte, com numerosos ramos que se abriam no ar como braços gigantes a dar abraços.
O menino Miguel gostava especialmente daquela árvore. Nos dias quentes de verão, sentava-se à sua sombra fresca, onde o sol entrava aos bocadinhos, a brincar às escondidas entre as grandes folhas e verdes.
— Bom dia, minha figueira — disse Miguel, com voz baixinha.
E a figueira, se alguém prestasse muita atenção, parecia responder com o suave farfalhar das folhas.
Todos os anos, a figueira enchia-se de figos brancos, doces e cheirosos. Miguel esperava com paciência até serem maduros. Sabia que os melhores eram os que se escondiam entre os ramos mais altos, onde os pássaros também iam espreitar.
— Estes são tesouros! — dizia ele, com os dedos colados de sumô doce.
Uma figueira divertida de ver o menino crescer. Vira-o dar os primeiros passos, cair e levantar-se, correr à volta do tronco e inventar histórias com os seus ramos, que ora eram castelos, ora navios, ora caminhos mágicos.
Num certo dia, Miguel abraçou o tronco rugoso e prometeu:
— Quando eu for grande, vou cuidar sempre de ti.
A figueira ficou contente. Continuou a dar sombra, figos brancos e memórias à Casa de Sanoane de Cima, sabendo que, enquanto havia filhos como Miguel, nunca seria esquecida.
E assim, entre ramos frondosos e figos doces, cresceu uma amizade feita de tempo, carinho e natureza — daquelas que duram para sempre.
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