quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

O tanque da Casa de Sanoane de Cima e o Miguel

No verão, quando o sol aquecia a Rechã e as tardes pareciam não ter fim, o lugar preferido do Miguel era o tanque da Casa de Sanoane de Cima. A água vinha da fonte, sempre fresca e cristalina, correndo mansinha até encher o tanque. O Miguel dizia que aquela água tinha segredo: brilhava como vidro e fazia cócegas nos pés. Com as braçadeiras bem colocadas e as boias coloridas à volta da cintura, o Miguel entrava na água sem medo. Primeiro devagar, depois com risadas, até começar os mergulhos pequenos, daqueles que fazem plash! e espalham gotinhas pelo ar. Mas o verão também pedia brincadeira. As pistolas de água apareciam, e o tanque transformava-se num mar de aventuras. O Miguel disparava jatos brilhantes, ria alto, escondia-se atrás da boia e voltava a atacar, sempre em festa. Quando o sol começava a baixar, o Miguel saía do tanque cansado e feliz. Sentava-se à beira, deixava os pés na água fria e escutava o murmúrio da fonte, como se ela lhe contasse histórias antigas. E assim, verão após verão, o tanque da Casa de Sanoane de Cima guardava risos, mergulhos e a alegria simples do Miguel — um passatempo que ficava para sempre na memória, tão claro e puro como a sua água.

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