domingo, 23 de novembro de 2025
Igreja de São João Batista de Bucos
Um templo nascido das raízes da aldeia, por Manuel Braz
A história da Igreja de São João Batista de Bucos é inseparável da própria memória da aldeia. O seu berço esteve numa pequena capela pertencente à Casa de Sanhoane, onde, em tempos remotos, os habitantes se reuniam em devoção simples e profunda. Naquele período, Bucos encontrava-se ainda sob a jurisdição da antiga paróquia de São Nicolau, e era o pároco dessa freguesia quem subia até à capela para celebrar missa, aproximando a liturgia da comunidade local.
Por volta de 1775, a capela de Sanhoane foi ampliada para acolher a crescente vida religiosa da aldeia. Nascia então a Igreja de São João Batista de Bucos, que preservou a alma do templo original e recebeu nova imponência.
Ao entrar, percebe-se claramente a divisão entre os dois tempos da construção.
A antiga capela, de chão em robusta pedra granítica, acolhe o altar-mor e quatro altares laterais, testemunhos de fé ancestral. Já o acréscimo posterior apresenta uma elegante abóbada de madeira, de forma arredondada, decorada com uma pintura de São João Batista envolta em traços dourados que iluminam o interior com suavidade.
O pavimento desta nova área prolonga o granito inicial, mas abre também espaço para o aconchego da madeira, marcando a transição entre os dois corpos da igreja.
No exterior, um conjunto de escadas de pedra conduz ao coro alto, inteiramente em madeira, de onde a música litúrgica outrora ecoava por todo o vale. Deste ponto elevado acede-se também ao púlpito, situado ao centro do templo, lugar de palavra, orientação e encontro.
Hoje, a Igreja de São João Batista de Bucos permanece como um símbolo maior da identidade local — um templo que cresceu com a aldeia, guardando séculos de devoção, arquitetura tradicional e memória comunitária.
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